sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Sentimento contraditório

Voltei de novo porque já não vinha aqui há um tempo e para não deixar cair a promessa que fiz no post anterior de dinamizar o blog.

Contudo e apelando à minha costela sincera não me encontro verdadeiramente inspirado...
Dei uma volta por alguns blogs, onde se escreve bem e com piada, mas esse exercício acaba por ser perjurativo se o intuito é escrever com originalidade. Porque quer queiramos admitir ou não, somos minimamente influenciaveis.

Já muito falei aqui sobre Portugal, mais vezes mal do que bem, mas nunca no sentido destrutivo, apenas constatando a "minha" realidade, os exemplos e as mensagens que capto no dia-a-dia por ti por ele, ela ou eles... enfim, por todos nós que temos em comum um bilhete de identidade e passaporte lusitano.

Continuo a ter a mesma ideia de Portugal, dos portugueses, tenho um sentimento contraditório em relação a nós e ao nosso país, quase uma relação de amor e ódio.

Amo o meu país, que não haja dúvidas disso, mas invejo outras culturas o seu modo de estar, de viver o dia-a-dia, onde a mesquinhez e a "pequininice" também existe mas se calhar mais camuflada que na nossa sociedade.

Somos pequenos em tamanho, não precisamos necessariamente de ser pequenos como gente, somos um país com história, (quase 900 anos de existência), mas continuamos a cometer erros no dia-a-dia como se fossemos um país adolescente e irresponsável.

Uma vez disseram-me que Portugal e a Europa têm uma postura no mundo de velhos sábios, porque já passaram por guerras e invasões na sua história e preferem a diplomacia antes de qualquer intervenção mais coerciva para o outro lado ou para nós mesmos.
Concordo com esta análise bastante inteligente e confesso nunca ter visto por esse prisma, não é por acaso, que quem fez esta brilhante análise era um cidadão de um país estrangeiro, mais precisamente uma cidadã.

O que mais me revolta em Portugal é que para se ser grande, tem que se ir para fora, porque aqui é muito dificil ou quase impossível, há muita mesquinhez neste país.
O caso mais mediático é o de José Mourinho, mas tenho mais exemplos que tive a felicidade de conhecer pessoalmente, não tão mediáticos para o comum dos mortais, mas muito importantes para mim, porque são modelos, não ídolos porque não acredito nestes.

José Ricardo Cabaço, ex-director criativo da Grey Home, brilhante criativo, o qual tive o prazer de poder trabalhar para ele e Hugo Veiga, ex-dupla meu e brilhante redactor publicitário além de um verdadeiro amigo.

Sinceramente, não sei se terão saudades deste nosso Portugal, nunca lhes perguntei directamente, mas acredito que sim, mas também acredito que não voltariam para cá se lhes pedissem para regressar no dia a seguir.
Por alguma razão, eles saíram daqui e estão bem, pelo que sei, lá fora. Com todas as desvantagens e vantagens que é estar a viver num país estrangeiro, mas tiveram coragem de abandonar certos "confortos" de um país pequeno com tanto para nos oferecer, por isso são modelos, os quais admiro.

Olhando para eles, dá vontade de fazer o mesmo e tentar crescer lá fora.
Eu escrevi tentar e não foi por acaso, porque nada na vida é certo e ir morar para um país diferente tem um enorme risco que só poucos estão dispostos a correr.

Este texto acaba por ser um pouco pesado, concerteza ninguém esboçou um sorriso ao lê-lo, mas fui escrevendo o que me foi na alma.
É uma mania, ou defeito meu, escrever assim directo no blog sem rever, mas se não fosse assim também não seria o meu blog...

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

De cara lavada...

Pois é, isto deu uma volta e aproveitei a versão beta para dar um outro ár ao blog.

À primeira vista, o layout mudou completamente, na minha perspectiva está bem mais atractivo. Para quem me conhece bem, benfiquista desde que nasci, deve pensar que já me rendi ao outro lado da 2ª circular...

Olhe que não!

Apenas escolhi o verde porque representa a esperança e, caraças se os outros gajos esperaram 18 anos para ganhar um campeonato, também tenho a esperança de que 2007 traga muitas coisas boas.

Foi aproveitar a mudança de ano e fazer aquilo que já deveria ter feito há mais tempo e acho que prometido há muitos posts atrás...

Um dos objectivos deste ano, é dinamizar muito mais este blog, escrever sobre tudo e todos, mas contudo deixar sempre uma mensagem positiva. É a postura que tenho perante a vida e é isso que quero transparecer neste blog.

Por isso, caros companheiros, amigos, palhaços, vamos à luta e obrigado por se manterem por aqui!

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Referenciemos...

Dia 11 de Fevereiro, a pergunta do dia será: "Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?" ou em parcas palavras para o comum português entender: "Concorda com a despenalização do aborto até às 10 semanas?".

É preciso não esquecer e, se a memória não me falha, que temos 10% da população analfabeta e que mais uns não sei quantos por cento de pouca escolaridade, por isso não entendo o porquê de uma pergunta tão comprida e tão cheia de "armadilhas" como esta.

Também convém não esquecer que a D. Alcina, uma extremosa esposa e dona de casa, ao exercer o seu dever de cidadania, convém que saiba ao que está a responder, afinal esta senhora terá um voto no resultado final, tal como qualquer ilustre e letrado senhor doutor, comendador ou embaixador.
Porque isto de eleições e referendos num país democrático, cada cidadão tem direito a um voto, a contrário dos clubes de futebol que dependendo da antiguidade têm direito a 1, 5, 10 ou vinte votos.

Tenho visto alguns programas na televisão, independentemente do canal, nenhum deles está a fazer o serviço público nesta questão. Há uma mania de politizar todos os assuntos e este caso não é excepção.

Felizmente sempre fui educado a pensar pela minha própria cabeça, porque como diz o rapper brasileiro, Marcelo D2: "Eu não preciso de fazer a cabeça, eu já nasci com ela (...)", mas também fui educado a ouvir todas as opiniões e só depois ponderar uma resposta.

Ponto assente em ambas as plataformas do "Sim" e do "Não", é que "isto" (a interrupção voluntária de uma gravidez = o aborto), é uma questão que é relativa às mulheres, sendo assim, e logo eu que não dou muito de meter a foice em seara alheia, não deveria exercer o meu dever de cidadania.

Obviamente não concordo que seja apenas uma questão relativa às mulheres, porque e corrijam-me se estiver incorrecto, o homem também faz parte do processo de reprodução, ou ando um bocado afastado da realidade?
Mas a realidade é que se a mulher quiser abortar fá-lo, seja aqui ou em Espanha sem o consentimento e/ou conhecimento do seu marido ou companheiro.

Um dos trunfos na manga do "Sim" é que o aborto clandestino deixará de existir porque simplesmente não faz sentido...
Sinceramente não acredito que o aborto clandestino deixe de existir! Basta saber quais as principais razões de quem o faz. O público-alvo que o faz, são miúdas (faixa etária entre os 15-25 anos), e a principal razão e mais que óbvia, é de que seja um processo feito no máximo sigilo, às escondidas de familiares e circulo de amigos mais próximo.
Logo, se o público-alvo, não quer que se saiba que teve uma gravidez indesejada, não acredito que deixe de existir o aborto clandestino, este continuará e será feito pelas mesmas razões de sempre.

Sobra um outro público-alvo, aquele (neste caso aquelas, já que é um assunto restrito aos homens), que interrompe voluntariamente uma gravidez clandestinamente, ou portuguesmente falando, que aborta clandestinamente, porque esta gravidez, neste momento não dá muito jeito...

Pelo que escrevi já dá para perceber que sou contra o aborto, antes de ser confundido com um jovem de ideais de direita e muito catolicamente correcto, porque não o sou, nem de perto nem de longe, sou sim a favor da vida, excepto nos casos que já estão contemplados pela lei portuguesa.

Sou a favor do sim à vida, porque sou produto de uma gravidez não planeada, ou por outras palavras, uma gravidez “ora chiça penico, que neste momento não me dá muito jeito”, mas que felizmente os meus pais compensaram no amor e carinho e na educação que me deram como se tivesse sido planeado mesmo antes da fecundação…

Mas como isto é tudo uma questão de modas de se “partidizar” tudo o que vem à baila, fico com a impressão que as pessoas irão votar num referendo onde a liberdade de pensamento está totalmente condicionada pelas inúmeras campanhas e debates que houve. Sendo assim, sinto que a minha liberdade como cidadão foi ferida e sinceramente o boicote, apesar de ser contra a abstenção, me passou pela cabeça.

Estou certo que o sim vencerá e veremos mais tarde se tinha ou não razão, na questão de que o aborto clandestino continuará a existir…