terça-feira, 25 de setembro de 2012

O regresso agridoce 1/2

De volta a Lisboa, tinha saudades deste movimento que faz parte de uma grande cidade. Fazia-me falta o falar com alguém, nem que fosse aquela conversa de deitar fora na varanda da minha empresa enquanto se dá umas passas num cigarro.

Pensando bem, nem estive mal, estava bem comigo mesmo e como tão bem um colega meu disse, nessas mesmas conversas de varanda, fui ter com o criador. (nada de experiências de morte iminente, porque ainda tenho muito para dar!)

Estive perto dos deuses sim, mas foi daquelas viagens espirituais que serve para refletirmos sobre nós e todos que me rodeiam.

As pessoas que são importantes e que nos fazem falta, até as menos importantes e que devemos fazer o "desligamento" total porque não nos trazem nada de positivo a nós, tiveram um espacinho nos meus pensamentos. As importantes porque queremos que estejam mais perto de nós, mesmo que por vezes isso não seja possível, por muito que queiramos. Mas como em tudo, a vida prega-nos partidas e aproveitamos viagens assim para focarmo-nos no nosso caminho.

Nesta viagem, aconteceram vários momentos para mim especiais, dois deles foram os mais marcantes.
No último dia de férias, não quis surfar, os meus músculos doíam-me depois de vários dias a surfar 2 a 3 horas seguidas.

Apeteceu-me caminhar no areal, onde só soprava o vento e se ouvia o barulho das ondas a quebrar junto à praia. Tive a felicidade de não haver vivalma, estava sozinho comos meus pensamentos que me levaram por aquele extenso areal.

Lembrei-me de quando era criança e a minha mãe me levar à praia para apanhar beijinhos (para quem não sabe, são um misto de búzio com concha, são tão pequenos que uma centena destes crustáceos cabem numa palma da mão), andávamos horas nisto e trazíamos as mãos cheias deles.

A minha mãe sempre teve o dom de me manter ocupado, talvez por ser o seu único filho, mas fazia destas pequenas atividades, verdadeiras caças ao tesouro. Fazia-me uma criança especial e acima de tudo feliz!

Relembrei tudo isso, com um misto de alegria e de tristeza, o primeiro sentimento porque recordei memórias de uma infância feliz, mas por outro, sinto-me incompleto, gostava nesta altura da vida recriar estas experiências e partilhar com os meus filhos.
Senti a falta de um sorriso de uma criança que fosse minha que me visse como o seu herói, o seu Indiana Jones em busca do maior tesouro do mundo, mesmo que fossem as tais pedrinhas que jaziam naquele areal.

Senti que fui uma pessoa que (quase) tive tudo e hoje estou tão longe de ter aquilo que verdadeiramente queria, uma família.
Tenho 35 anos e sinto que falhei em quase todos os aspetos da minha vida, apesar de me manter positivo e olhar para as coisas e pessoas de forma positiva, a verdade é que o meu coração sente a falta desse amor incondicional que um pai sente pelo seu rebento.

Se pudesse escolher, não teria qualquer dúvida, trocaria qualquer luxo do mundo para ter alguém que pudesse aconchegar e dar as boas noites todos os dias. Trocava as jantaradas (que não tenho feito), os copos, as compras, os vícios por tudo isso!

Nem tudo é triste, esta história tem um final feliz, todas as pedrinhas que apanhei trouxe-as comigo e espero um dia retomar essa aventura com a pessoa que irei amar incondicionalmente...




... por agora estão guardadas, já que vão fazendo parte da construção do meu castelo!



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