quarta-feira, 31 de maio de 2006

Bandeiras desfraldadas

Timidamente vão surgindo nas janelas as bandeiras nacionais, uma boa recordação de há dois anos, pedida pelo Felipão, esse treinador tão inexplicavelmente mal-amado por uma parte da população e de toda a imprensa desportiva e a maior parte dos fazedores de opinião.
Vem aí mais um mundial de futebol, num país mergulhado numa crise de auto-estima, esta copa vinha mesmo a calhar…

O Europeu Sub-21 para nós portugueses já terminou mas, confessemos que não o encarámos a sério, com o coração, a união e a paixão que abraçámos o Euro 2004.
Sinceramente e do meu ponto de vista muito pessoal, os jogadores portugueses também não.
Foi um Europeu de amuados e de portugueses de costas voltados, como se os miúdos fossem filhos de um Deus menor.

A verdade é que Scolari não poderia convocar todos e agradar a gregos e troianos e independentemente das suas escolhas, haveriam sempre críticas para os que fossem deixados de fora dos 23 seleccionáveis.
Depois deste Europeu Sub-21, muitos já dão razão ao Seleccionador Nacional, outros teimam em continuar a criticar as suas escolhas, quais rebeldes sem causa.
Não nos podemos esquecer que o Sargentão é ainda o treinador campeão do mundo, embora os velhos do Restelo digam que com a equipa do Brasil qualquer treinador seria campeão também. Apenas esquecem que a selecção canarinha é composta de um lote de jogadores que joga nas melhores equipas europeias, que como se sabe, têm sobre as suas pernas uma temporada em cima, com inúmeras provas a nível nacional como europeu. O segredo para mim, em qualquer selecção que está na fase final do Mundial da Alemanha é a gestão, gestão de esforço e recuperação do plantel.

Espero poder assistir a todos os jogos da minha selecção, a portuguesa, e da minha segunda pátria adoptada, o Brasil. Os contactos já estão a ser feitos e a combinar com os amigos e amigos dos amigos, para assistirmos juntos os jogos de Portugal com os portugueses e os jogos do Brasil com os brasileiros, ou melhor ainda, para assistirmos todos juntos, porque a paixão é a mesma só muda a cor da camisola.

Contava ver o mundial já noutro lugar não muito longe daqui, apenas do outro lado do Atlântico, infelizmente não vou conseguir, mas acaba por ser bom.

Uma nota à parte em jeito de conclusão, nós portugueses aproveitemos o Mundial para fazer algo por todos nós, sair deste desânimo e dar um pontapé nesta crise porque se esperarmos pela bola, só mesmo daqui a dois anos…


Uma verdade universal é que a bola é redonda, por isso bola para a frente.

Comprei a minha camisola do Eusébio, a tal a €9,90, porque a oficial custa quase seis vezes mais que esta e a vida não está fácil para mim nem para muitos outros portugueses.
Uma curiosidade, a camisola oficial da Selecção Portuguesa é Made in Indonesia. São sinais dos tempos, um país que jurámos boicotar tudo o que viria de lá, agora usamos esses produtos, símbolos da nação, como uma segunda pele.

O mundo está em mudança, vamos também mudar de atitude.

Deixemos de viver no passado, porque do passado só vive o museu.
Deixemos os fantasmas salazaristas e o medo de dar o passo em frente.
Deixemos de dar razão a Luís Vaz de Camões que termina a sua obra gloriosa “Os Lusíadas”, com a palavra inveja.

Somos um povo com um grande passado, mas com um futuro ainda mais grandioso. Eu pelo menos acredito nisso.

CLVI
“Ou fazendo que, mais que a de Medusa,
A vista vossa tema o monte Atlante,
Ou rompendo nos campos de Ampelusa
Os muros de Marrocos e Trudante.
A minha já estimada e leda Musa
Fico que em todo o mundo de vós cante
De sorte que Alexandro em vós se veja,
Sem à dita de Aquiles ter enveja.”

in “Os Lusíadas” de Luís Vaz de Camões

3 comentários:

Sandra disse...

Grande post!!! :) Gostei muito e assino por baixo!!!

Jinhosssss

thecornflakes disse...

Sandra isto não é apenas de gostar é de dar o passo para a frente...

Bjokas

thecornflakes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.