domingo, 27 de fevereiro de 2005

Uma Aventura no Centro de Emprego

Há uns dias atrás recebi uma carta registada do Insituto do Emprego e Formação Profissional. Ao qual dizia:

"Ex(a). Sr(a)

Solicita-se a sua comparência em CENTRO DE EMPREGO DE LISBOA - PICOAS AV. 5 DE OUTUBRO, 24 no dia 2005-02-23 pelas 14:30:00 horas a fim de proceder à recolha de informação que permite avaliar as oportunidades de emprego e/ou formação profissional, dentro das medidas de emprego em vigor, que melhor se adequem ao seu caso particular. (...)"

Bem, para começar troquei logo o dia em que deveria lá estar, em vez de ir no dia 23 como rezava a missiva fui lá um dia mais tarde, mas já com desculpa feita, tinha trocado o dia com a morada que estava em bold.
No dia 24 lá me dirigi com a desculpa na manga ao Centro de Emprego...

Chegando lá, somos logo filtrados tipo raio-x, pelas pessoas que lá se encontram e naqueles segundos iniciais sentimo-nos as pessoas piores do mundo!! Sentimo-nos uns inuteis nesta sociedade. Mas, respiramos fundo e lá entramos porta adentro. Tirei a senha e esperei na sala de entrada.
Passados 10 minutos, (sim porque nestas ocasiões cheguei pontualmente, a horas, minutos e segundos, tal como estava na carta), chamaram-me a mim e a mais 4 pessoas e lá nos dirigimos a uma sala sem janelas onde nos mandaram sentar e esperar por alguém que iria falar connosco.
Depois da agitação normal de arrastar cadeiras, o silêncio inunda a sala e começamos a observar as pessoas que se encontram na mesma condição que nós. E lá estavam um senhor indiano com uns 50 anos, uma senhora africana com 40 e tal anos, ao meu lado, uma senhora com a mesma idade da senhora africana e do outro lado, um senhor de 30 e muitos com pinta de chunga.
Enfim, o circo estava montado, e eu a pensar o que me vai calhar desta vez!!!!
Enquanto me imaginava a fazer aqueles cursos manhosos impingidos pelo centro de emprego, eis que chega a estrela da companhia!
Entra pela sala dentro um homem com os seus 40 anos com brinco na orelha e de etnia cigana a falar alto e bom som, cortando aquele ambiente frio:
"Já tou mm a ver pra que é que isto é!!!!! Vão-nos obrigar a ir pra jardineiro da Câmara."
Pronto o meu coração disparou a 100 à hora, já me tava a ver de ancinho ou montado num camião do lixo da Câmara aos grunhidos: "Eh, Eh, Eh!".
Felizmente, no meio destes pensamentos, surgiu uma senhora com a minha carta e disse: "O senhor está a receber o subsídio de desemprego?", "Estou sim!"- respondi-lhe. "Muito bem, pode ir embora!"

E lá fui eu feliz e contente à minha vida, sem ter necessitado de ter usado o trunfo/desculpa que tinha na manga!

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