quarta-feira, 10 de outubro de 2012
As pessoas (já não me) desiludem
Já foram tantas as vezes nos últimos tempos que temo estar a ficar imune à desilusão.
É triste pensar assim, perder a fé nos humanos, mas a verdade é essa. Sou uma pessoa fiel, amiga do amigo, se fosse um animal de certeza que seria um cão, daqueles dos bons, que mesmo que o dono tenha um dia de merda, o "canito" lá vai recebê-lo à porta de casa, com uma alegria imensurável de como já não o visse há um bom par de semanas!
Pois esse cãozinho sou eu, não interessa a raça, o pedigree ou outras etiquetas. Sou daqueles que podem confiar e quem anda pela minha órbitra, não tem dúvidas disso.
Mas tal como o canito que abana a cauda na chegada do seu dono, também gosto de me sentir importante e notado, mas ultimamente em vez de receber uma "festa", voam chinelos, jornais enrolados, tudo o que tiverem à mão para atirar ao pobre cãozito que apenas quer uma demonstração de carinho.
Infelizmente tem sido assim para mim nos últimos tempos.
Talvez por isso me isole (ainda mais!) dos humanos, cheguei a um ponto que estou farto da estupidez humana.
Ontem, caíram-me as lágrimas em frente à televisão, por nada que estivesse a ser transmitido, por nada palpável que possa transcrever numa palavra, linha ou parágrafo. Talvez tenha chegado o ponto de saturação, talvez entrasse de férias e me sentisse (mais uma vez) só. Talvez porque dentro do meu castelo, o guerreiro se tenha ido abaixo, na véspera da próxima batalha...
Estou cansado de ser o "conas", ou do mr. right, que nunca faz o suficiente e quando tenta, sai tudo errado. Nunca fui, nem me considerei um príncipe encantado, nunca tive um ego desmensurado, nunca olhei para a frente e segui caminho, prefiro olhar para o lado ou para trás e esperar pela(s) pessoa(s) que me acompanha(m) na vida... tudo isso é muito correto e louvável, mas quando sou eu que me atraso vejo os outros a caminhar em frente, muitas vezes acelerando o passo e isso é o que me mais magoa.
Dói bastante, mas já não me desilude. E isso é o que realmente me preocupa.
Depois oiço os humanos a queixarem-se que este e aquele os desiludiram, que afinal era tudo apenas palavras, mas os atos ficaram esquecidos quando precisaram destes. Mas à primeira oportunidade é para estes, dos quais se queixam, que enviam mensagens, fazem telefonemas e combinam encontros e todos os queixumes ficam esquecidos.
E eu pergunto-me será que estes humanos são bons da cabeça?
Sendo um "conas" para uns e o canito fiel para outros, parece-me nunca ser o suficiente para os patamares de exigência dos humanos...
... ou então, estarão eles errados e não dão valor ao que realmente importa. Honestamente, não sei responder a isso, cada um que faça essa reflexão, porque eu continuarei a abanar a cauda para quem me der "festas" em troca.
Entretanto vou-me desviando dos chinelos, rolos de jornais e afins que surgirem pela vida.
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